terça-feira, 2 de julho de 2019

Historia do azeite em Maria da fé

Os imigrantes que aportaram na América ao final do século XIX transformaram a mentalidade agro-exportadora no qual o trabalho ficava restrito ao escravo e a fidalguia ao branco. O Jesuíta Antonil chegou a anotar: Os escravos são as mãos e os pés do senhor de engenho, porque sem eles não é possível fazer, conservar e aumentar fazenda, nem ter engenho corrente.” Os imigrantes, por outro lado, traziam muito além sua bagagem, fé, empreendedorismo e vontade de trabalhar.




Foi um português, hoje lembrado em uma placa no Centro de Maria da Fé, quem trouxe as primeiras mudas de oliveira para a região. Emídio Ferreira dos Santos chegou na década de 30 e viu como o clima era parecido com o da região que ele morava em Portugal.

“Ele pediu para sua esposa trazer semestres de varias plantas, inclusive da oliveira. Foi ele o visionário por ver que Maria da Fé tinha o potencial de produzir”. Desde aquela época, mudas são plantadas na cidade. As primeiras usadas por Emídio agora estão na praça central, ao lado da placa em homenagem ao português, que também instituiu o dia 1º de junho como o dia da oliveira.

Em 2008, há 11 anos, foi feita a primeira extração de azeite extra-virgem brasileiro. 



Em 2012, quarto ano de extração, a produção de azeite foi estimada em 3 mil litros nessa região. Na safra 2014, cresceu o dobro – foi pra 6 mil.

Agora, com 10 anos completos, os mais de 160 produtores locais atingiram a marca de 80 mil litros de azeite produzidos. As plantações, antes exclusivas da Epamig, ganharam mais de 1 milhão de oliveiras, distribuídas em 2 mil hectares, em mais em 60 municípios.

Neide Maria Batista Soares - uma das pioneiras na produção

Uma das pioneiras foi Neide Maria Batista Soares, que iniciou uma pequena produção de 5 hectares, ainda vista como novidade pela produtora, que comemora as pequenas conquistas. “É novo, tudo é novidade. Você está vendo o que está colhendo, é um produto de qualidade. Só de ver aquele óleo, saber que é puro, que não tem mistura, é fresco. Acaba de colher está engarrafando e comercializando. Deixa a gente feliz, de estar produzindo coisa boa nas nossas terras, aqui em Maria da Fé”.


A Serra da Mantiqueira, com municípios de Minas Gerais, São Paulo e Rio de Janeiro, provou que tem as condições ideais para a planta.

“A gente tem uma condição climática bem interessante para a plantação de oliveira. Estamos em uma região alta: Maria da Fé está a 1.274 metros de altitude. Existem outros municípios aqui da Serra da Mantiqueira que estão a 1600, 1800 metros. A oliveira é uma planta de clima temperado, precisa do clima frio para produzir a flor”, explica o agrônomo da região.


O Brasil tornou-se auto-suficiente e exportador de maçãs, melōes e mexericas através dos imigrantes japoneses que se dirigiram ao Paraná e ao interior de São Paulo. Agora, estamos dando os primeiros passos para nos tornarmos auto-suficientes em Azeite de Oliva Extra-Virgem através do empreendedorismo dos imigrantes portugueses. Ainda há um grande caminho a trilhar nesse sentido. Segundo o Globo Rural em 2007 o Brasil gastou 175 milhões de dólares com importação de azeite de oliva. Esse gasto cresce ano a ano. 

A concorrência do azeite produzido na Serra da Mantiqueira só encontra equivalente no paralelo 30. Segundo a Emater, o Rio Grande do sul tinha 418 hectares plantados em oliveiras em 2011.  Produzindo 130 toneladas neste mesmo ano. No paralelo 30, Rio Grande do Sul, Chile, Argentina e Uruguai produzem azeite na América do Sul.

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